Em tempos de crise e falta de capital externo, empreendedores que financiaram o próprio negócio listam as dicas e estratégias mais valiosas para quem precisa tirar o próprio negócio do papel
Em um momento em que a recessão econômica parece ser inevitável, o mercado de venture capital deve destinar menos verba para o setor de tecnologia e startups. É o que aponta um estudo realizado pela "Anjos do Brasil", entidade de fomento ao investimento anjo apoiando o empreendedorismo de inovação.
Segundo a pesquisa, 64% dos investidores ouvidos disseram que a predisposição para investir em startups deve diminuir. Além disso, mais da metade deles (51%) concorda que empreendedores terão dificuldade de conquistar investimento anjo ou de alguma venture capital. Nesse caso, uma das alternativas para crescer, mesmo em meio à crise, é optar por outros modelos de investimento, como o bootstrapping, por exemplo. Nessa modalidade, a startup opta por crescer sem nenhum capital externo e passa a investir em si própria.
Confira as dicas dos empreendedores sobre como continuar crescendo, mesmo sem contar com investimentos externos:
Planeje passo a passo e se
organize durante a crise
Para Fredy Evangelista, CEO da Vianuvem,
primeira startup com software BPM que não usa códigos para a programação de
processos, bancar o seu próprio negócio exige organização, planejamento e
cuidado. "É preciso saber quando é a
hora de realizar um novo aporte e planejar cada passo para o uso desse capital.
Quando iniciamos a startup, fizemos um primeiro investimento. Nos estruturamos,
crescemos, e só depois que já tínhamos resgatado todo o valor inicial, pensamos
em injetar mais dinheiro. Agora, na pandemia, sentimos que era a hora de pensar
em um novo investimento, também do nosso próprio bolso", relata.
A empresa, ainda 100%
bootstrapping, aproveita a nova injeção de capital para continuar crescendo:
são mais de 45 mil usuários diários e 190 grupos empresariais. Para dar conta
do trabalho, tem ao menos, oito novos postos de trabalho prontos para serem
ocupados nos próximos meses.
Defina bem seu projeto, estude
o mercado que irá atuar e tenha uma visão clara dos estágios que pretende
financiar
Outra empresa que nasceu por meio
de recursos próprios foi a Suprevida, primeiro ecossistema
Plug&Play que conecta consumidores, profissionais de saúde, fornecedores de
produtos para saúde e informação sobre saúde e bem estar. A ideia surgiu
inspirada por uma dificuldade que o empreendedor Rodrigo Correia da Silva
vivenciou com o pai para encontrar cuidados e materiais pós cirúrgicos após a
retirada de um câncer de intestino. Para diminuir a precariedade do atendimento
domiciliar, trabalhou com o time Suprevida para proporcionar
modelagem de negócio e estrutura tecnológica capaz de unir informação, cuidados
com a saúde e oferta de suprimentos que estão no dia a dia de quem precisa, de
maneira mais completa e competitiva.
De acordo com o empreendedor,
começar um negócio do zero requer preparação, empenho, estratégias bem
ajustadas e projeto definido, caso contrário, o dinheiro que você tem para
investir não irá render. "Procuro
sempre dizer que para que o negócio prospere sem necessitar inicialmente de
investimento externo, é necessário mapear bem as dores do mercado em que
pretende atuar, construir uma solução que seja matadora e conhecer os canais
para oferece-la. Antes de você lançar qualquer produto ou serviço, é
imprescindível entender não só se de fato possui uma oportunidade de negócio
viável, mas também como serão estruturados os estágios da empresa financiados
com o capital disponível ", explica Rodrigo.
Foque na excelência!
De acordo com Ralf Germer, CEO e
cofundador da PagBrasil - fintech brasileira líder no processamento de
pagamentos para e-commerce ao redor do mundo - um dos principais benefícios de
ser uma empresa bootstrapping é a flexibilidade para desenvolver e amadurecer
produtos, sem depender da pressão de investidores. Segundo ele, isso permite
que as soluções desenvolvidas sejam inovadoras, fora da curva e com foco nas
necessidades do cliente. "Negócios
inovadores possuem menor concorrência e têm demanda progressiva, o que permite
que a empresa rode no início com o capital dos sócios e seu próprio
faturamento. Na PagBrasil, desde o
início focamos em soluções inovadoras e únicas, desenvolvidas em uma série de
pequenos passos, sempre testando a performance e aceitação do mercado com base
em uma visão de longo prazo. Conseguimos desenvolver produtos que o mercado
realmente precisava, oferecendo ao lojista e cliente um valor único. Com essa
estratégia, conseguimos manter os custos alinhados com o momento da empresa e
vender produtos e serviços rentáveis desde o começo".
Planeje as suas vendas
Para o Israel Nacaxe, COO da Propz,
startup que utiliza inteligência artificial e big data para monitorar o
comportamento do consumidor, entendendo, predizendo e reagindo aos seus hábitos
de consumo, em tempo real e de forma automatizada, um dos pontos primordiais
para iniciar um negócio é ter aptidão para vendas.
"Saber vender é essencial no início de um negócio sem investidores, pois
neste momento você só tem a sua reputação, capacidade de desenvolver seu MVP
sozinho e a habilidade de convencer alguém a comprar a sua ideia. Por isso, é
muito importante que neste momento disponibilize um trabalho de consultoria
para os seus primeiros clientes e se possível ofereça uma vantagem sobre o seu
serviço para que ele possa ser mais atrativo aos olhos dos seus futuros
clientes", afirma Nacaxe.
Timing é tudo!
A Incentivar.io, primeiro
software de marketing de incentivo da América Latina, é mais um bom exemplo de
empresa bootstrapping. A startup surgiu a partir de um reposicionamento de
marca da antiga agência de Live Marketing e Incentivo Askme, tendo em vista que
o produto já estava ganhando corpo próprio e democratizando o acesso às
práticas de marketing de incentivo
Para Rodolfo Carvalho, CEO da
Incentivar, o timing é a palavra-chave para os empreendedores que estão
iniciando. Por isso, quando for começar a rodar o serviço e/ou produto, é
importante já se antecipar a algumas perguntas e, quanto antes tiver a resposta
sim para elas, melhor. "Quando for
começar, é importante já ter, de alguma maneira, já ter compradores na outra
ponta para gerar receita. Uma pergunta que sempre tem que estar na mente é:
será que eu consigo rodar meu produto em um projeto piloto ao mesmo tempo que a
está em fase de teste? Se a resposta for sim, é melhor", ressalta
Rodolfo.
Fonte: Assessoria de Imprensa
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