Pular para o conteúdo principal

Fala Doutor: Como Precificar o cardápio do meu Restaurante?


como-calcular-o-preco-dos-pratos-no-restaurante-doutor-negocio

Especialista em gestão de Marketing e Negócios para PMEs responde sobre como precificar o cardápio do restaurante garantindo lucratividade e competitividade



Pergunta do Leitor:

Olá Doutor Negócio, tudo bem?

Me chamo Fernando Costa Moura, tenho 46 anos, e estou empreendendo pela primeira vez, depois de ter perdido meu emprego como cozinheiro em um restaurante próximo de onde moro. Confesso que nunca tive muito interesse pelo empreendedorismo, mas diante da atual situação, vejo que será o melhor caminho para conseguir gerar renda. Minha esposa e eu começamos a desenvolver um pequeno projeto para um bar-restaurante especializado em lanches rápidos e pratos feitos. Já aluguei o espaço, comprei os primeiros materiais, e agora estou com dificuldades para conseguir calcular o preço de cada produto do cardápio, principalmente dos pratos. Como consigo ter um preço competitivo e ao mesmo tempo ter lucratividade?

Agradeço se puder responder meu e-mail, pois já pesquisei em muitos portais, conversei com amigos, mas a cada dia fico mais perdido com as muitas fórmulas e planilhas que vejo por aí... Vale lembrar que nunca empreendi, não tenho experiência com tantos cálculos e informações, e estou com receio de cometer um erro...

Agradeço pela oportunidade

Abraços

 

 

Resposta do Doutor Negócio:

Olá Fernando, tudo ótimo!

Muito obrigado por enviar sua pergunta, tenho certeza que essa dúvida faz parte da rotina de muitos empreendedores. Vamos lá...

A precificação dos seus produtos ou serviços é parte fundamental do negócio, pois implicará nas vendas, faturamento, e sobrevivência a médio e longo prazo. Um erro muito comum dos iniciantes no empreendedorismo é adotar no começo a estratégia de basear seu preço apenas na concorrência local. Por exemplo: Visito o restaurante que fica próximo ao meu estabelecimento, vejo quanto ele cobra nos pratos similares, e coloco meu preço R$1,00 mais barato. No começo, essa ação até pode te render um bom número de clientes, construir volume de vendas, mas caso a sua margem de lucros não esteja condizente com o custo, em pouco tempo você começará a enfrentar dificuldades para pagar as contas, mesmo com o restaurante cheio todos os dias. Por isso, o ponto inicial para calcular o preço dos seus pratos é entender qual o custo para a produção de cada item.

Vamos usar o seguinte exemplo, se você está vendendo um prato de Filé com fritas, precisa identificar o preço unitário da porção de arroz que acompanha o prato, assim como o feijão, salada, filé, batatas, etc. Para isso, você precisa conhecer a quantidade que compõem cada prato, e por qual valor você realiza a compra com distribuidor ou varejista. Ter esses números na ponta da língua é o primeiro passo para construir um preço razoável.

Veja o Exemplo:

5 Kgs de Arroz = R$15,00 (Preço de Compra)

Quantidade em cada prato 100Grs = Custo da porção R$1,50 (Preço de Custo)

 

O segundo passo é identificar os custos operacionais para a produção do prato, ou seja, quanto você usa de energia elétrica, mão de obra, água, espaço físico, etc... Essa conta pode não ser muito simples de ser feita, mas pode facilitar se você usar a seguinte fórmula:

Tempo de Preparo do prato X Custos.

Por exemplo, se o prato é preparado em 10 minutos, calcule qual o custo de 10 minutos do seu funcionário, assim como da energia elétrica, água, locação, entre outros fatores.


Agora que você já sabe quanto custa para produzir seu prato, chegou a hora de inserir sua margem de lucro! Em geral, restaurantes do seu segmento costumam trabalhar com algo entre 30% a 35% como mínimo... Qualquer valor abaixo disso pode prejudicar sua formação de caixa e investimentos futuros, além da lucratividade do negócio.

Depois dessa etapa, já com o provável preço em mãos, faça uma boa pesquisa com a concorrência para identificar se o seu preço está dentro do praticado pelo mercado. Neste ponto é importante ficar atento para não se comparar a estabelecimentos que não estejam alinhados com seu posicionamento. Por exemplo, se você vende o famoso “PF” (prato feito) para um público com menor poder aquisitivo, procure empresas do mesmo ramo, com localização e cardápio similares. Não faça da analise da concorrência seu único guia, tenha em mente que o mais importante é você estar de acordo com seus custos operacionais e margem de lucro.

 

DICAS VALIOSAS

Crie um diferencial competitivo único que gere uma experiência de compra para seu cliente. Por exemplo, um atendimento de primeira linha, ambiente confortável, pratos bonitos, acesso a internet para os clientes, e comida de excelente qualidade, claro. Tudo isso faz com que o cliente construa percepção de valor sobre sua marca, e esteja aberto para pagar mais em comparação com os concorrentes locais.

Para as plataformas de delivery fique atento as taxas de comissionamento para não ter prejuízo com as vendas. Esteja sempre pronto para lançar promoções que chamem atenção dos clientes, visto que trata-se de um canal com grande alcance, principalmente nos últimos meses, mas também de enorme e até desleal concorrência.

Cuidado com as taxas das maquininhas de cartão, não se esqueça de colocar este cálculo em sua planilha.

Uma boa margem de lucro te abre possibilidades para campanhas promocionais, programas de fidelidade e outras estratégias para atrair clientes sem machucar a saúde do seu negócio.

Mantenha atenção redobrada sobre os custos operacionais e de produção. Acompanhe de perto as compras, e esteja antenado com o que acontece na economia para conseguir se prevenir de aumentos de última hora nos produtos que compõem a base da sua operação. Esteja aberto para mudanças no cardápio, substituições de itens, e inovações para atender os novos hábitos de consumo dos clientes.

Em resumo, coloquei aqui algumas dicas e orientações básicas para te ajudar na hora de precificar seu cardápio, sempre com foco na competitividade e lucratividade. Agora, com base nessas informações, e com muita energia para enfrentar os desafios de sua nova rotina empreendedora, esteja certo de que o melhor aprendizado virá com o tempo, com a pratica, com as experiências e soluções criadas em momentos de incertezas, e a construção de uma jornada única para o seu negócio. Mantenha-se aberto ao novo, ao ouvir, ao pesquisar, e a tudo que agregue positivamente no seu dia a dia.

Te desejo uma ótima jornada e muito sucesso para você e toda sua equipe!

Doutor Negócio

Leandro-silva-olimpio-doutor-negocio

Quer ver a sua dúvida sendo respondida aqui no nosso site pelo Doutor Negócio? Encaminhe sua pergunta para nossa redação.

 

 

 

Fonte: Redação Smart Business

Fale com a gente:

Redação.smartbusiness@gmail.com

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Entenda o significado dos 150 Termos mais utilizados no mundo corporativo

Conheça os significados dos 150 termos mais utilizados no ambiente corporativo e nunca mais fique sem graça nas reuniões. O mundo empresarial é repleto de termos, siglas e conceitos exclusivos, na grande maioria em inglês, que são amplamente utilizados no dia a dia das empresas. Mas, para muitos iniciantes, o vocabulário pode causar confusão, fazendo com um simples e-mail, telefonema, ou reunião possa se tornar em uma situação muita constrangedora e negativa para seu negócio ou carreira. Para ajudar quem ainda se depara com siglas e conceitos corporativos muitas vezes parecem não fazer sentido, o site da Forbes lançou um super glossário com mais de 245 termos presentes no mundo dos negócios, e nós da Smart Business, compilamos a lista apresentando os 150 que são mais comuns no dia a dia, e que devem começar a fazer parte de seu vocabulário à partir de agora.   Confira a lista completa:   A AI ou IA: sigla para inteligência artificial. Em inglês, Artificial ...

Pesquisa revela que 47% dos profissionais negros não se sentem parte das empresas em que trabalham

  Estudo do Indeed e do Instituto Guetto revela ainda que mais da metade dos entrevistados já sentiu discriminação racial no ambiente de trabalho   Todo funcionário busca se sentir bem em seu ambiente de trabalho, afinal é onde, na maioria das vezes, ele passa a maior parte do seu tempo. No entanto, isso nem sempre acontece. A falta de um senso de pertencimento na empresa está ligada a diversos fatores, um deles é a discriminação. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Indeed em parceria com o Instituto Guetto, 47.8% dos entrevistados não têm um senso de pertencimento nas empresas em que trabalham atualmente ou trabalharam.  O levantamento feito com 245 profissionais negros para saber suas percepções sobre práticas de RH e o mercado de trabalho atual revelou ainda que 41% dos entrevistados acreditam que ser reconhecido e ter suas contribuições valorizadas ajuda nesse processo de ter um senso de pertencimento na empresa. Dado que demonstra que as companhias precis...

5 Passos para reinventar sua empresa durante o Coronavírus

Especialista aponta 5 passos para empreendedores que precisam reinventar seus negócios para sobreviverem após a Quarentena.   Artigo Escrito por: Marília Cardoso Em questão de semanas, as pessoas simplesmente desapareceram das ruas. Diante dos decretos de fechamento de negócios não essenciais, como supermercados e drogarias, milhões de empresários de outros segmentos se viram de mãos atadas e obrigados a simplesmente baixar as portas. Sem faturamento, milhares já encerraram as atividades definitivamente. Isso porque estamos apenas no começo dessa crise. Muitos ainda alimentam a esperança de que o vírus desapareça tão rápido quanto surgiu e que tudo volte a ser como era antes. No entanto, especialistas de vários setores são unânimes ao dizer que seremos obrigados a criar um “novo normal”. Sendo assim, não adianta pensar que você vai ficar hibernando como um urso por dois ou três meses e depois vai reabrir as portas como se nada tivesse acontecido. É hora de re...

5 Razões para a sua empresa não investir em um Aplicativo

Apesar dos Apps estarem relacionados à boa parte do nosso dia a dia, especialista explica porque eles podem não ser a melhor estratégia para o seu negócio.   De acordo com o relatório “Global Apps Trends”, da Adjust – empresa de segurança cibernética -, o Brasil é o segundo País que mais cresce no mercado de aplicativos, atrás apenas da Indonésia.  Mas será que essa é uma estratégia que dá certo em qualquer negócio?. Embora esse canal seja amplamente utilizado no mundo e traga resultados consistentes para uma série de empresas, isso não quer dizer que ele faça sentido para qualquer modelo de negócio, seja pelo nicho de atuação, seja pelo público-alvo da empresa, entre outros fatores. É o que alerta o sócio-diretor da agência de marketing digital ROCKY, Luiz Fernando Ruocco. Acostumado a receber demandas de desenvolvimento de aplicativos, Ruocco sempre convida seus clientes a fazerem essa reflexão antes de lançarem mais um app no mundo. “ Não existe c...

Como Calcular quanto preciso de Investimento no meu Negócio?

  E specialista aponta dicas valiosas na hora de montar sua proposta para conquistar um investidor e alavancar o crescimento do seu negócio   * Artigo Escrito Por: Fabiany Lima   No mercado nacional e internacional, o que mais nos deparamos é com investimentos em startups e empresas de inovação em números redondos: R$ 400 mil, R$ 500 mil, um milhão... Tais número "cabalísticos" são os mais frequentemente pedidos por empreendedores que costumam buscar por aportes. Mas, mais do que pensar em um "número mágico", o que esses empresários devem se preocupar é em definir onde esse montante será aplicado e como. Essa é uma pergunta que muitos investidores fazem e, infelizmente, acabam não recebendo respostas precisas. E aí que moram muitas frustrações em rodadas de investimentos. Quando uma pessoa ou grupo tem um valor a ser aplicado e resolve fazê-lo em startup, é necessário que se tenham garantias mínimas de que o valor será propriamente usado. E, com esse ob...