* Artigo
Celso Braga, sócio-diretor do Grupo Bridge e mentor do CEO EM CEM.
Em dezembro de 2018,
estávamos conversando sobre as demandas de desenvolvimento que recebemos nos últimos
cinco anos e, olhando para o futuro para decidir nosso posicionamento
estratégico para 2019, vivenciamos experiências muito ricas de desenvolvimento
de lideranças, de formação de times e de grandes programas de transformação
cultural nos quais fomos grandes influenciadores em diversas
organizações. Entendemos que existe um crescente movimento de transformação
cultural que aconteceu nestes últimos cinco anos e que vai prosseguir
pelo menos nos próximos dois, no qual quase todos procuraram ou procurarão
fórmulas para lidar com os momentos de mudança, procuram decifrar códigos de
como acelerar o desenvolvimento das pessoas, dos líderes, do “mindset”
do negócio e por aí vai.
Para efeito de entendimento,
adotamos o conceito de cultura organizacional dado por
Shein: “A cultura organizacional é o modelo de pressupostos básicos, que
um dado grupo inventou, descobriu ou desenvolveu no processo de aprendizagem,
para lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna”. Uma vez
que os pressupostos tenham funcionado bem para serem considerados válidos, eles
são ensinados aos demais membros de uma organização como a maneira certa de se
perceber, sentir, pensar e agir em relação àqueles problemas.
A cultura organizacional
causa impacto nas pessoas. O modo de perceber, sentir, pensar, agir ou criar é
absolutamente uma atribuição humana e não das máquinas. Nenhum novo processo ou
automação no negócio acontece sem ter a influência das pessoas. Organizações
4.0 têm culturas 4.0 feitas pela participação e interferência das
pessoas.
Vamos a questões práticas
como aquisições e fusões, que causam choques e o aparecimento de múltiplas
culturas. A velocidade cai no que se refere à produtividade. O clima piora
entre as pessoas, pois veem o ambiente da organização por diferentes óticas na
solução de problemas.
Mudança de poder nas
organizações, quando se reduz a hierarquia e se pretende maior participação,
afeta a cultura já que antes se percebia o poder hierárquico como o responsável
único pela solução dos problemas. O líder apresenta uma certa frustração por
não ter mais todas as respostas. Os liderados, entendendo que o líder, na visão
deles, “tem que saber as respostas”, passam a achar que podem fazer qualquer
coisa e que não precisam da liderança.
Outra questão prática tem
relação com a multiplicidade de gerações que atualmente está
presente, onde os jovens muitas vezes são colocados para desempenhar funções
para as quais não estão preparados. Se não lidam com a frustração, vão embora
rapidamente, achando que a cultura do lugar não combina com eles. No mesmo
ponto, os mais velhos querem trazer uma experiência e um ritmo mais
cuidadoso e as empresas estão cada vez querendo ser mais ágeis. Um
‘mindset digital’, resolver problemas a distância através de ferramentas
tecnológicas se choca com uma cultura mais relacional que depende de mais
“costuras de apoio de ideias” com pessoas. Uma cultura da necessidade da
presença da pessoa no local de trabalho se choca com home office que se
foca mais no resultado.
Afinal o que funciona em todos estes casos?
O cuidado de não perder sua identidade
cultural. A cultura não se transforma, ela evolui. Manter uma base
sólida de identidade da organização em elementos-chave e evoluir em temas passo
a passo. De certa forma, este modo de ver a cultura nos ajuda a acalmar a todos
e levar a percepção de que podemos evoluir, que estamos numa jornada de
transformações onde preservaremos o que temos de mais precioso na nossa
identidade e mudaremos aquilo que nos ajude a solucionar melhor os desafios
atuais.
Olhemos para crenças,
pressupostos e Valores como elementos mais perenes. Olhe para ritos, rituais e
cerimônias. Eles mudam ou podem mudar se preciso. Se houver heróis, alguns
fundadores são considerados assim como, por exemplo, Henry Ford, Abilio Diniz, Antonio
Ermírio, entre outros. Suas ações serão base para o modo como as
pessoas agem. Algumas coisas vindas deles permaneceram e outras terão de mudar.
Histórias e mitos que contam a respeito do que se passou durante o tempo que a
organização existe alimentam certezas sobre certos modos de pensar. Talvez
precisemos escrever novas histórias, além das que existem para garantir novas
direções. Processos de relacionamento e comunicação que foram estabelecidos são
os que mais precisam mudar quando pretendemos uma evolução ou transformação
cultural. Aí residem os principais articuladores da expansão da identidade e
validação do novo modo de ser de uma pessoa e de uma organização.
Bom, o código da mudança
mais importante é que uma cultura se transforma, evolui quando alguém
intencionalmente trabalha entendendo seus elementos. Quando no modo como as
coisas vão ser percebidas, sentidas, pensadas e que vão levar à ação e à
criação de novas alternativas de solução de problemas atuais, há uma direção.
Qual preço uma organização
paga quando não olha para sua cultura e ajuda na sua evolução? Maior número de
conflitos, maior desalinhamento da liderança, maior dificuldade em solucionar
problemas atuais com novas respostas e, por fim, pior clima para as pessoas
trabalharem interferindo no alcance de um propósito maior. Coloquemos isto em
dinheiro e saberemos onde estão, de fato, nossas maiores vulnerabilidades
organizacionais.
* Artigo Celso Braga, sócio-diretor do Grupo Bridge e mentor do CEO EM CEM.
Celso
Braga - Sócio-diretor do
Grupo Bridge, Psicólogo e Mestre em Educação, pós-graduado
em Psicodrama Sócio Educacional pela ABPS, Professor supervisor pela
FEBRAP. Acumula experiência de mais de 25 anos em desenvolvimento humano e
projetos de conexões educacionais e inovação.
É
autor dos livros ‘A Jornada Ôntica’ (2013), ‘O Hólon da Liderança’ (2015),
‘Inovação: diálogos sobre a prática’ (2016), ‘Inovação: diálogos sobre
colaboração produtiva’ (2017), A Magia dos Sentimentos: 27 emoções para
transformar sua vida e recentemente lançou os livros em versão digital Lifelong Learning - Aprender para a Vida e Empowerment, Uma
liderança que inspira e coautor do livro
‘Educação para Excelência’ (2010).
Sobre o Grupo Bridge
Com 23 anos de atuação, o Grupo Bridge é uma empresa de
soluções em desenvolvimento humano que atua fortemente na prestação de
serviços de consultoria para empresas de diferentes segmentos utilizando
metodologia autoral pautada por três principais autores: Jacob Levy Moreno,
Paulo Freire e Humberto Maturana. Fruto de uma parceria entre Celso Braga e
Sérgio Cruz, ambos psicólogos e especialistas no comportamento humano, o Grupo
Bridge apresenta como principal atuação o desenvolvimento de lideranças, das
relações entre as pessoas e da cultura das organizações. Em 2018 a
empresa reposicionou o seu negócio através de quatro submarcas: Bridge
(consultoria para empresas, que existe desde 1995), X.Five (desenvolvimento
de pessoas), Bridge 36,5º (responsabilidade social), e IBEX- Innovation Bridge
Experience (experiências, eventos e publicações de inovação).
A organização conta
com mais de 30 colaboradores e atende empresas como Bradesco, Bosch,
Bayer, Cielo, Porto Seguro, Raízen, Volvo, Hospital BP, entre outras.
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